Para dar início às nossas reflexões, compartilhamos do poema "Tecendo a manhã" (NETO, João Cabral de Melo)
Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisa sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
( a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
NETO, João Cabral de Melo. Poesias completas. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. p. 19 - 20
Tal qual no poema "Tecendo a manhã", de João Cabral de Melo, nosso canto, nossa voz, nossa fala estão emaranhados de outros tantos cantos, vozes e falas, num embricamento tal que, por vezes, nos é difícil identificá-las todas. (Professora Maria Lucia Cavalli Neder - UFMT).
Que essas falas também façam parte de nossas manhãs que, por vez, por certo, ajudarão a construir outras e outras.
Que as nossas manhãs sejam prenúncio de novas manhãs, de novas escolas, de novo país..
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