quarta-feira, 8 de julho de 2009

Memorial de Leitura

Professora Formadora: Erenil Oliveira Magalhães
Barra do Bugres-MT Pólo: Tangará da Serra


Produzir esse memorial de leitura é, para mim, reviver alguns momentos marcantes em minha vida, desde os primeiros contatos, até hoje.
Nasci em uma família humilde, meus pais tinham apenas o primário incompleto. Mas, minha mãe, mesmo não tendo frequentado muito a escola, adorava ler, era evangélica, e sempre fazia a leitura da bíblia e outras leituras. E, talvez, tenha sido ela, a primeira a despertar em mim o gosto pela leitura.
Na infância, morávamos perto dos primos, e como naquela época, não tínhamos os recursos dos meios de comunicação como hoje, ao anoitecer, reuníamos, e um tio, que sempre recheava nossa imaginação contava-nos histórias de reis, rainhas, encantamentos. Isso acontecia como se a cada dia fosse tecido um pedacinho. A recordação dos momentos vividos, guardo-os até hoje.
Ingressei na alfabetização, nesse processo encontrei uma certa dificuldade, sentia a escola fria, distante dos alunos, além disso, a relação professor-aluno não permitia uma aproximação maior. Como era mecânico relacionar àquelas letras e sons de forma significativa...
Já na segunda série, a professora era mais aconchegante, a escola não parecia assim tão fria. E uma leitura marcante naquele momento foi a do soldadinho de chumbo, tenho-a presente na memória como se fosse agora, e assim passou essa fase.
No ensino fundamental, tenho registrado a lembrança do meu professor de português, que procurava nos incentivar no gosto pela leitura. Tinha como prática, fazer sempre, no início de suas aulas, a leitura de um capítulo de um livro, e assim ia amarrando a história de uma aula para outra. Ficávamos curiosos para acompanhar o desenrolar do enredo e presos no desenvolvimento da leitura.
Também nessa fase, como toda adolescente, fui leitora dos romances de Júlia, Sabrina, Bianca... e através delas, viajei por lugares fantásticos e me senti dentro daqueles cenários.
No ensino médio, pouco fui motivada à leitura, apesar da cobrança que se dava através de alguns clássicos. Penso que o encaminhamento não ocorreu de forma prazerosa devido a isso, talvez a falta de um empenho maior. A leitura não era significativa. Mais uma etapa vencida.
Sonhava em fazer uma faculdade, mas ainda não tinha como. Terminei o ensino médio e junto, também dei a luz a meu primeiro filho. Minha cidade não tinha oferta universitária.
Chegou o momento, a oportunidade. A Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso) criou alguns cursos na modalidade Parceladas, entre esses o Curso de Letras. A tarefa de escolher este curso, não foi difícil, pensava em fazer algo que desse a oportunidade de leitura e reflexões constantes, e ampliasse meus conhecimentos superando alguns limites.
A aprovação no vestibular foi uma euforia total, empolgada, entusiasmada e disposta a renunciar cinco anos consecutivos sem férias, ingressei na faculdade e nessa luta me fiz presente.
Cada etapa desses momentos foi marcada pela vivência com um quadro de excelentes professores, de várias universidades do Brasil, não era um quadro fixo e por isso essa possibilidade. Esses professores, mestres, doutores, dividiram conosco as dúvidas, ansiedades e, cada um do seu jeito deixou sua marca e contribuição para que a formação fosse a melhor possível.
A formação universitária contribuiu e muito para o repensar da prática pedagógica. Após ter vivenciado algumas leituras, hoje vejo que os conceitos não podem e nem devem ser trabalhados de forma estática (dissociados do contexto). Esses devem sempre levar à reflexão e formação, e, a pesquisa é uma das ferramentas para propiciar essa formação.

Com a vivência acadêmica, surge uma maneira diferente de ver o ler e escrever. Antes mais na superfície, após, com uma visão muito além do explícito, também aquilo que está subentendido nas entrelinhas... (o não dito). Por exemplo, ver televisão significa hoje para mim, comparar as diferentes visões de cada emissora para um determinado assunto.
A formação acadêmica me proporcionou o contato com a pesquisa e com todo aparelho teórico, percebi a intrincada rede de relações que envolvem um acontecimento discursivo e justificando a unidade e a integração das teorias numa reflexão sobre o funcionamento da linguagem em geral. Dediquei dessa forma aos estudos da lingüística.
Na formação acadêmica, o contato com teóricos consagrados tanto da literatura quanto da lingüística consolidou e enriqueceu o meu repertório de leitura.
Não para por aí minha história de leitura. Continuamos mantendo um estreito contato, na pós- graduação, como Orientadora Acadêmica do Curso de Pedagogia - UFMT, e agora enfrentando o desafio de ser Professora Formadora no Programa Gestar II- UnB-MEC. E com certeza esse desafio não é pequeno, a demanda de leitura é grande, mas tenho consciência que é este o caminho. Somente através das práticas de leitura, podemos efetivamente participar do contexto que esse domínio proprorciona no mundo moderno. "Ler é superar todos os obstáculos".

Nenhum comentário:

Postar um comentário